quarta-feira, 13 de março de 2013

Novo Papa eleito hoje no Vaticano - Francisco I


Conhecendo o Papa Francisco I – Jorge Mário Bergoglio

Nascido em Buenos Aires, em 1936, Bergoglio é filho de um ferroviário que emigrou de Turim, na Itália, para a Argentina, onde teve cinco filhos. O plano original do cardeal era ser químico, mas, em vez disso, ele ingressou em 1958 na Companhia de Jesus para começar os estudos preparatórios para a ordenação sacerdotal. Passou boa parte do início da carreira lecionando Literatura, Psicologia e Filosofia, e muito cedo era visto como uma estrela em ascensão. De 1973 a 1979 foi provincial dos jesuítas na Argentina.

Depois disso, em 1980, tornou-se o reitor do seminário no qual havia se formado. Eram os anos do regime militar na Argentina, quando muitos sacerdotes, incluindo líderes jesuítas, gravitavam em torno do movimento progressista da Teologia da Libertação. Como provincial jesuíta, Bergoglio insistiu em um mergulho mais profundo na tradição espiritual de Santo Inácio de Loyola, ordenando que os jesuítas continuassem seu trabalho nas paróquias e atuassem como vigários em vez de se meterem em “comunidades de base” e ativismo político.

Embora os jesuítas sejam, em geral, desencorajados de receber honrarias eclesiásticas, especialmente fora de seus países, Bergoglio foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992, e depois sucedeu o adoentado cardeal Antonio Quarracino, em 1998. João Paulo II fez Bergoglio cardeal em 2001, designando-lhe a igreja romana que leva o nome do lendário jesuíta São Roberto Belarmino.

Ao longo dos anos, Bergoglio se aproximou tanto do movimento Comunhão e Liberação, fundado pelo padre italiano Luigi Giussani, que às vezes discursava no grande encontro anual do grupo, em Rimini, na Itália. Ele também chegou a divulgar os livros de Giussani em feiras literárias na Argentina. Isso acabou gerando consternação entre os jesuítas, uma vez que os ciellini, como são chamados os adeptos do movimento, já eram vistos com os principais opositores do colega jesuíta de Bergoglio em Milão, o cardeal Carlo Maria Martini. Por outro lado, isso tudo é parte do apelo de Bergoglio, um homem que pessoalmente se divide entre os jesuítas e os ciellini e, em maior escala, entre os reformistas e os ortodoxos da Igreja.

Bergoglio apoiou o ethos de justiça social do catolicismo latino-americano, inclusive com robusta defesa dos pobres. “Vivemos na parte mais desigual do mundo, que tem crescido muito, mas que pouco tem feito para reduzir a miséria”, afirmou ele durante um encontro do episcopado latino-americano em 2007. “A injusta distribuição de renda persiste, criando uma situação de pecado social que clama aos céus e que limita as possibilidades de uma vida plena para muitos de nossos irmãos.” Ao mesmo tempo, ele tende mais a se empenhar pelo crescimento em graça pessoal do que por reformas estruturais.

Bergoglio é visto como um ortodoxo inflexível em matéria de moral sexual e como convicto opositor do aborto, da união homossexual e da contracepção. Em 2010 ele afirmou que a adoção de crianças por gays é uma forma de discriminação contra as crianças, o que lhe valeu uma reprimenda pública por parte da presidente argentina Cristina Kirchner. Ao mesmo tempo, ele demonstra sempre profunda compaixão pelas vítimas da aids; em 2001, por exemplo, visitou um sanatório para lavar e beijar os pés de 12 pacientes soropositivos.

Bergoglio também marca pontos por sua apaixonada reposta ao atentado a bomba ocorrido em 1994 no prédio de sete andares que abrigava a Associação Mutual Israelita Argentina, em Buenos Aires. Foi um dos maiores ataques a alvos judeus já registrados na América Latina e, em 2005, o rabino Joseph Ehrenkranz, do Centro para a Compreensão Judaico-Cristã, ligado à Universidade do Sagrado Coração em Fairfield, no estado norte-americano de Connecticut, louvou a liderança de Bergoglio para superar a dor do episódio. “Ele estava muito preocupado com o que havia ocorrido”, disse Ehrenkranz. “Tinha vivido a experiência.”

Apesar disso, depois do conclave de 2005 alguns cardeais admitiram inocentemente duvidar de que Bergoglio realmente tivesse a forja e a força necessárias para liderar a Igreja universal. Mais que isso, para muitos dos não latino-americanos Bergoglio era um número desconhecido. Uns poucos relembraram de sua liderança no Sínodo de 2001, quando ele substituiu Edward Egan, de Nova York, como relator do encontro porque o cardeal norte-americano teve de voltar às pressas para casa para ajudar as vítimas dos atentados terroristas de 11 de setembro. Naquela ocasião, Bergoglio deixou uma impressão basicamente positiva, mas pouco marcante.

Bergoglio pode ser fundamentalmente conservador em muitas questões, mas não é um defensor dos privilégios do clero ou um homem insensível às realidades pastorais. Em setembro de 2012, ele disparou um ataque contra os padres que se negavam a batizar crianças nascidas fora do casamento, classificando a recusa como uma forma de “neoclericalismo rigoroso e hipócrita”.

Bergoglio ainda é atraente diante da usual divisão da Igreja, angariando com seu afiado senso pastoral, sua inteligência e sua modéstia pessoal o respeito tanto dos ortodoxos quanto dos moderados. Ele também é visto como uma alma genuinamente espiritualizada e um homem de profunda oração. “Somente alguém que tenha encontrado a misericórdia, que tenha sido agraciado com a ternura da misericórdia, está feliz e em paz com Deus”, disse Bergoglio em 2001. “Eu peço aos teólogos presentes que não me enviem ao Santo Ofício ou à inquisição; no entanto, forçando um pouco as coisas, ouso dizer que o lugar privilegiado do encontro é a bondade da misericórdia de Cristo sobre meus pecados.”

Ele é também visto como um evangelista bem-sucedido. “Temos de evitar a doença espiritual de uma Igreja autorreferente”, disse recentemente. “A verdade é que, quando se sai às ruas, como fazem todos os homens e mulheres, acidentes acontecem. No entanto, se a Igreja se fechar em si mesma, se torna ultrapassada. Entre uma Igreja que sofre acidentes lá fora e outra adoecida pela autorreferência, não tenho dúvidas em preferir a primeira.

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