O filósofo Renato Janine Ribeiro trata do tema "A República" no livro editado pela Publifolha. O livro contrapõe os ideais republicanos originais a seus "inimigos" - a monarquia, a corrupção e o patrimonialismo; e questiona qual república é possível hoje.
No capítulo "O Inimigo da República (2): a Corrupção", Renato Janine demonstra que a "corrupção" não é apenas o desvio do dinheiro público para fins particulares, essa definição simplifica demais o tema.
o corrupto impede que esse dinheiro vá para a saúde, a educação, o transporte, e assim produz morte, ignorância, crimes em cascata. Mais que tudo: perturba o elo social básico que é a confiança um no outro". Sem confiança e sem um elo social, não há a vida republicana, em que prevalece a "coisa pública" (res publica), e, assim, as pessoas andam na rua com medo da violência.
Veja abaixo parte do texto do autor:
O INIMIGO DA REPÚBLICA (2): A CORRUPÇÃO
Qual a sua idéia de corrupção? É quase certo que você fale em desvio, por um administrador desonesto, do dinheiro público. É a idéia que se firmou hoje em dia. Mas, antes disso, a corrupção era termo mais abrangente, designando a degradação dos costumes em geral.
Como a corrupção veio a se confinar no furto do bem comum? Talvez seja porque, numa sociedade capitalista, o bem e o mal, a legalidade e o crime acabam referidos à propriedade. Por analogia com a propriedade privada, o bem comum é entendido como propriedade coletiva - e até como bem condominial, aquele do qual cada um tem uma parcela, uma cota, uma ação.
Mas o bem comum é diferente, por natureza, do bem privado. No estatuto de uma sociedade comercial, é obrigatório incluir o destino a dar aos bens, caso ela se dissolva. Se constituo uma firma com um sócio, caso a fechemos repartiremos os bens que pertencem a ela. Mas isso é impossível quando se trata da coisa pública. Há certos "bens" que só ela produz e que não podem ser divididos: virtudes, direitos e uma socialização que não só respeita o outro como enriquece, humanamente, a nós mesmos.
Pensar o mau político como corrupto e, portanto, como ladrão simplifica demais as coisas. É sinal de que não se entende o que é a vida em sociedade. O corrupto não furta apenas: ao desviar dinheiro, ele mata gente. Mais que isso, ele elimina a confiança de um no outro, que talvez seja o maior bem público. A indignação hoje tão difundida com a corrupção, no Brasil, tem esse vício enorme: reduzindo tudo a roubo (do "nosso dinheiro"), a mídia ignora - e faz ignorar - o que é a confiança, o que é o elo social, o que é a vida republicana.
Comentário: não é preciso dizer mais nada, apenas que: - Corrupto é Ladrão e Bandido!, e como tal deve ser tratado, sem benefícios, benevolência ou impunidade. A Corrupção emperra o crescimento do país em todos os sentidos. Temos que nos unir contra a corrupção, cobrar do Ministério Público e do Judiciário ações efetivas no combate e na aplicação de penas, pois corruptos nunca vão para a cadeia, isto tem que mudar!
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